Através das tecnologias, o educador pode informar o educando, prevenindo à gravidez na adolescência. As conseqüências de uma gravidez na adolescência se fazem sentir tanto na morbidade/mortalidade de mãe e bebê quanto nos impactos econômico, educacional-escolar e social. Agir educacionalmente é um forma de enfrentar esse problema. No entanto, acões educacionais que enfatizam a abordagem apenas biológica do planejamento familiar não tem sido eficazes se considerarmos as estatísticas referentes à saúde reprodutiva das adolescentes. Para que a educação possa efetivamente contribuir para a redução desse tipo de gravidez, todas dimensões devem ser consideradas, com especial destaque para a dimensão sociocultural na qual encontramos fortes determinantes da gravidez indesejada. Abordar educacionalmente essa dimensão significa abrir espaço dentro e fora das escolas para o debate sobre a identidade feminina num processo que abranja a totalidade do ser humano, tendo como recurso as tecnologias no processo ensino aprendizagem.
A gravidez na adolescência vem sendo um problema cada vez mais grave no país com conseqüências em várias esferas de suas vidas, em especial das mulheres, das classes populares.
A dimensão numérica
Segundo o Censo do IBGE de 1991, a população de 10 a 19 anos corresponde a 21,84% do total da população brasileira, o que eqüivale a 32.064.631, sendo 50,04% do sexo masculino e 49,96% do sexo feminino (Brasil 1996).
Ao considerarmos a dimensão quantitativa da gravidez na adolescência, deparamos com um aumento no índice dessa gravidez no Brasil.
De 1993 a 1995, os partos de adolescentes aumentaram, percentualmente, diferentemente das demais idades. Não estão incluídos nesses dados os partos feitos em casa e em clínicas particulares e os abortos provocados ou espontâneos. A população nessa faixa etária não chegou a crescer 0,5% no mesmo período.
Além da problemática intrínseca à gravidez na adolescência, o aumento do número de casos desse tipo de gravidez mostra que mesmo as campanhas para prevenção de Aids não têm conseguido atingir os jovens, pois se estes se prevenissem da doença usando camisinha, os números de gravidez na adolescência tenderiam a diminuir. Estatísticas brasileiras relacionadas à Aids confirmam essa hipótese.
A dimensão econômica e educacional-escolar
O impacto adverso da gravidez precoce emerge de forma mais clara quando se examina a relação entre educação, pobreza e maternidade precoce. Henriques, Silva, Singh e Wulf (1989) apresentam alguns dados na direção do exame dessa relação. Adolescentes cuja renda familiar se classifica entre as mais pobres (¼ de salário mínimo) quase não têm nenhuma chance de completar o 2o grau após o nascimento de um filho. Vinte e quatro por cento dessas adolescentes tiveram de cinco a oito anos de escolaridade, mas somente 2% prosseguiram sua educação após o nascimento do filho. Entre as que tiveram um filho antes dos 20 anos, apenas 23% haviam estudado além da 8ª série, enquanto as que não deram à luz, 44% estudaram além da 8ª série.
Já durante a gravidez, as adolescentes abandonam escola e emprego. Quando muito estudam ou trabalham até o sétimo mês de gravidez (SOF 1997). Constrangimento e pressões de diretores, professores, colegas e pais de colegas estão entre os fatores que determinam a saída da escola antes do nascimento do filho. Alguns pais contribuem decisivamente para esse abandono ao preferirem esconder a situação "vexatória" da gravidez de sua filha.
Após o nascimento, o abandono da escola é a saída que se impõe às mães jovens, sejam as que necessitam pagar com o seu trabalho doméstico a família que a abriga e ao seu filho, sejam as que necessitam ganhar o sustento para ambos. Neste último caso, diante das dificuldades em encontrar vaga em uma creche gratuita próxima ou sequer em qualquer creche gratuita, a adolescente busca o apoio da sua família para a guarda do bebê durante sua jornada de trabalho, o que torna ainda mais frágil sua já complicada relação com o filho. O apoio da família, em especial nos estratos de baixa renda, significa uma diluição, ou atenuação, da legitimidade da autoridade da mãe adolescente sobre o filho/filha (na classe média, a interferência da família é vivida como crise e questionada pela adolescente) (Desser 1993). Quando não conseguem esse apoio familiar, não raro destinam parte de seus parcos vencimentos a outra mulher que cuidará de seu filho durante essa jornada. No fim do dia, ir à escola diante desse contexto torna-se uma tarefa impossível de ser cumprida. Jovens oriundas de famílias com maior poder econômico e que aceitam a gravidez podem vislumbrar a possibilidade de completar seus estudos e retomar seu projeto de vida.
A não-continuidade dos estudos significará menor qualificação, portanto, menos chances de competir num mercado cada vez mais exigente e com menos ofertas, além da submissão ao trabalho informal e mal remunerado. Levantamento realizado em 1990 por Bruschini (1996), sobre trabalho feminino na década de 1980, mostra que 48,5% das trabalhadoras brasileiras contribuíam para a Previdência Social. As restantes podiam ser encontradas em atividades de baixa remuneração, sem proteção da legislação trabalhista ou previdenciária, realizadas muitas vezes no próprio domicílio ou na rua e em jornadas parciais de trabalho. Mesmo no setor formal, quanto maior o rendimento, menor a participação das mulheres. Por exemplo, na faixa de rendimento até ½ salário mínimo havia, no mercado de trabalho, 4,5% de homens e 11,6 % de mulheres. Na faixa de 2 a 5 salários mínimos, 28,4% e 22,0%, respectivamente. E na de mais de 20 salários mínimos, 4,1% e 1,6%.
Uma outra hipótese é que o fato de continuar os estudos aumente a auto-estima e proporcione à adolescente projetos de vida profissional mais amplos que o de ser apenas esposa e mãe.
Necessário se faz dar-lhe materialidade institucional e substância cultural: um projeto de transformação a longo prazo começando agora com informações disponibilizadas na mídia.
A gravidez na adolescência vem sendo um problema cada vez mais grave no país com conseqüências em várias esferas de suas vidas, em especial das mulheres, das classes populares.
A dimensão numérica
Segundo o Censo do IBGE de 1991, a população de 10 a 19 anos corresponde a 21,84% do total da população brasileira, o que eqüivale a 32.064.631, sendo 50,04% do sexo masculino e 49,96% do sexo feminino (Brasil 1996).
Ao considerarmos a dimensão quantitativa da gravidez na adolescência, deparamos com um aumento no índice dessa gravidez no Brasil.
De 1993 a 1995, os partos de adolescentes aumentaram, percentualmente, diferentemente das demais idades. Não estão incluídos nesses dados os partos feitos em casa e em clínicas particulares e os abortos provocados ou espontâneos. A população nessa faixa etária não chegou a crescer 0,5% no mesmo período.
Além da problemática intrínseca à gravidez na adolescência, o aumento do número de casos desse tipo de gravidez mostra que mesmo as campanhas para prevenção de Aids não têm conseguido atingir os jovens, pois se estes se prevenissem da doença usando camisinha, os números de gravidez na adolescência tenderiam a diminuir. Estatísticas brasileiras relacionadas à Aids confirmam essa hipótese.
A dimensão econômica e educacional-escolar
O impacto adverso da gravidez precoce emerge de forma mais clara quando se examina a relação entre educação, pobreza e maternidade precoce. Henriques, Silva, Singh e Wulf (1989) apresentam alguns dados na direção do exame dessa relação. Adolescentes cuja renda familiar se classifica entre as mais pobres (¼ de salário mínimo) quase não têm nenhuma chance de completar o 2o grau após o nascimento de um filho. Vinte e quatro por cento dessas adolescentes tiveram de cinco a oito anos de escolaridade, mas somente 2% prosseguiram sua educação após o nascimento do filho. Entre as que tiveram um filho antes dos 20 anos, apenas 23% haviam estudado além da 8ª série, enquanto as que não deram à luz, 44% estudaram além da 8ª série.
Já durante a gravidez, as adolescentes abandonam escola e emprego. Quando muito estudam ou trabalham até o sétimo mês de gravidez (SOF 1997). Constrangimento e pressões de diretores, professores, colegas e pais de colegas estão entre os fatores que determinam a saída da escola antes do nascimento do filho. Alguns pais contribuem decisivamente para esse abandono ao preferirem esconder a situação "vexatória" da gravidez de sua filha.
Após o nascimento, o abandono da escola é a saída que se impõe às mães jovens, sejam as que necessitam pagar com o seu trabalho doméstico a família que a abriga e ao seu filho, sejam as que necessitam ganhar o sustento para ambos. Neste último caso, diante das dificuldades em encontrar vaga em uma creche gratuita próxima ou sequer em qualquer creche gratuita, a adolescente busca o apoio da sua família para a guarda do bebê durante sua jornada de trabalho, o que torna ainda mais frágil sua já complicada relação com o filho. O apoio da família, em especial nos estratos de baixa renda, significa uma diluição, ou atenuação, da legitimidade da autoridade da mãe adolescente sobre o filho/filha (na classe média, a interferência da família é vivida como crise e questionada pela adolescente) (Desser 1993). Quando não conseguem esse apoio familiar, não raro destinam parte de seus parcos vencimentos a outra mulher que cuidará de seu filho durante essa jornada. No fim do dia, ir à escola diante desse contexto torna-se uma tarefa impossível de ser cumprida. Jovens oriundas de famílias com maior poder econômico e que aceitam a gravidez podem vislumbrar a possibilidade de completar seus estudos e retomar seu projeto de vida.
A não-continuidade dos estudos significará menor qualificação, portanto, menos chances de competir num mercado cada vez mais exigente e com menos ofertas, além da submissão ao trabalho informal e mal remunerado. Levantamento realizado em 1990 por Bruschini (1996), sobre trabalho feminino na década de 1980, mostra que 48,5% das trabalhadoras brasileiras contribuíam para a Previdência Social. As restantes podiam ser encontradas em atividades de baixa remuneração, sem proteção da legislação trabalhista ou previdenciária, realizadas muitas vezes no próprio domicílio ou na rua e em jornadas parciais de trabalho. Mesmo no setor formal, quanto maior o rendimento, menor a participação das mulheres. Por exemplo, na faixa de rendimento até ½ salário mínimo havia, no mercado de trabalho, 4,5% de homens e 11,6 % de mulheres. Na faixa de 2 a 5 salários mínimos, 28,4% e 22,0%, respectivamente. E na de mais de 20 salários mínimos, 4,1% e 1,6%.
Uma outra hipótese é que o fato de continuar os estudos aumente a auto-estima e proporcione à adolescente projetos de vida profissional mais amplos que o de ser apenas esposa e mãe.
Necessário se faz dar-lhe materialidade institucional e substância cultural: um projeto de transformação a longo prazo começando agora com informações disponibilizadas na mídia.
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